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Se a Inês Sabe Disto

Se a Inês Sabe Disto

13 de Maio, 2016

Sofremos de Oniomania?

Patrícia Teixeira

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Quem não passa um dia, no máximo dois, sem ir às compras, saberá bem do que estou a falar.  Numa sociedade declaradamente consumista, temos tendência a desvalorizar o vício de comprar, seja o que for, por que motivo for. Quando esta compulsão se apresenta de forma descontrolada, pode transformar-se numa doença psicológica conhecida por Oniomania. É uma patologia como outra qualquer e requer ajuda profissional para ser tratada. 

Esconder as compras da família, mentir sobre o real valor dos produtos adquiridos, comprar com a desculpa de aliviar o stress, a depressão ou o tédio, sentir euforia ou ansiedade durante a realização das compras e, no final, culpa, vergonha ou auto-depreciação são alguns sintomas mais comuns e evidentes da Oniomania. Mas atenção! Nem sempre o consumismo exagerado está obrigatoriamente ligado a esta doença. Os psicólogos explicam que "Só quando se torna incontrolável, ao ponto de prejudicar vários aspectos como relações familiares ou amizades, estados de espírito ou problemas financeiros é que pode vir a ser diagnosticado este transtorno obsessivo e clinicamente comprovado".

E são muitas as vidas destruídas pelo consumismo! Quando, por algum motivo, os oniomanos não podem realizar a compra que desejam, surgem sensações de angústia, frustação e irritabilidade. Uma dependência muitas vezes comparada com a dependência de químicos. 

 

E qual é afinal o tratamento para a Oniomania? 

A maioria dos compradores compulsivos nunca procura ajuda. E esta é a triste realidade! E os que procuram estão quase sempre já envolvidos ao extremo em problemas familiares, financeiros e depressivos. Acredita-se que a origem deste transtorno deve-se à insuficiência de serotonina que, entre outras funções, reduz a impulsividade. Desta forma, o tratamento pode envolver, de acordo com a psicóloga americana, Helen Smith, da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, "medicamentos como anti-depressivos ou agentes estabilizadores do humor, psicoterapia cognitivo-comportamental, participação em grupos de auto-ajuda e até a nomeação de um conselheiro financeiro que possa orientar, no futuro, a vida financeira do paciente".

A mesma psicóloga refere ainda alguns truques a que podemos recorrer para controlar esta compulsão: "Devemos analisar até que ponto o consumismo afecta o nosso ordenado. É importante fazer uma lista de coisas que podíamos ter feito com esse mesmo dinheiro. Uma viagem, por exemplo. Sair de casa sem o cartão de crédito é fundamental até que nos sintamos capazes de controlar os impulsos. Em casos extremos, devemos até cancelar todos os cartões. Pode ser que descubram que é muito fácil viver sem eles. Nunca comprar nada à primeira vista para que tenhamos tempo de reflectir se realmente precisamos ou não daquele produto. Evitar centros comerciais ou locais onde abundem lojas e, ao fim de um ano, se conseguir vencer o consumismo exagerado, dê um presente a si mesmo". 

 

O teste que podemos fazer em casa

 

1- Costuma fazer compras não planeadas?

2 - Tem dificuldade em controlar-se nas lojas e traz sempre mais produtos do que contava?

3 - Deixa-se facilmente contagiar pela expressão 'o último grito da moda'?

4 - Sente-se perdido/desamparado sem cartões de crédito?

5 - Costuma ir às compras para aliviar uma neura ou depressão?

6 - Faz compras com cartão de crédito que nunca compraria se tivesse de pagar a pronto?

7 - Tem mais roupa e sapatos do que pode usar?

8 - Costuma pedir dinheiro emprestado para fazer compras?

9 - Dá por si a esconder as compras que fez dos familiares e amigos?

 

De acordo com os médicos especialistas neste tipo de distúrbio, se respondeu afirmativamente a pelo menos 5 destas questões é bem provável que seja um consumidor compulsivo. Procure ajuda profissional antes que as despesas o façam entrar num buraco financeiro. Um estudo liderado pelo médico americano Raymond Miltenberger concluiu que são 4 as fases de um comportamento compulsivo por compras:

Antecipação: pensamentos, anseios e preocupação sobre o acto de comprar algo específico.

Preparação: fazer o plano das compras (onde, como e métodos de pagamento)

Comprar: Entrar em êxtase ao realizar as compras

Pagamento: o acto de pagar interrompe e encerra a actividade e é quase sempre seguida de uma sensação de vazio, remorso e frustração.

 

A t-shirt anti-consumismo

Há uns anos, a OmniWear lançou uma t-shirt “anti-consumismo compulsivo”, com um alarme que apita sempre que a pessoa que a tiver vestida não resistir à tentação de entrar numa loja. "No fundo, tratou-se de uma brincadeira com o intuito de chamar a atenção para um assunto muito sério, que é a crise que actualmente se vive em todo o mundo. Muitas vezes, as pessoas entram numa loja quase que sem darem por ela e acabam por fazer despesas que não estavam previstas. Esta t-shirt tem o mérito de, de alguma forma, avisá-las logo à entrada de que, quando saírem, poderão já trazer a carteira mais vazia”, explicou naquela altura Eduardo Freitas, proprietário de uma das lojas da marca “Omni”, à Lusa. 

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