Porque pagamos uma fortuna para ver os U2?
Bem...para início de conversa e como dizia o outro ”só lá vai quem quer” e, neste caso, quem tem capacidade económica para isso. O preço dos bilhetes para o concerto dos U2, à semelhança de uma boa parte dos concertos que por cá se realizam, são exorbitantes. Ponto! E se tivermos em conta o rendimento médio dos portugueses passam de exorbitantes a escandalosos. Mas a verdade verdadinha é que 85% já foram pré-vendidos no site da banda e em alguns minutos, na passada sexta-feira, foram vendidos os restantes 2923 bilhetes, em exclusivo nas lojas Meo. Eu que sou muito, mas muito fã dos U2, digo-vos que jamais teria coragem para enfrentar esta disputa por um bilhete. Tanto pelo preço, como pela falta de paciência para tudo o que me faça lembrar ajuntamentos à moda da “Black Friday”. Mas tenho pena! Tanta que, sem ironia, estarei até meio deprimida no dia 16 de Setembro por não estar aos saltos no Altice Arena.
Mas vamos ao objectivo principal deste post. Afinal, por que motivo o preço dos bilhetes tem vindo a inflaccionar desta maneira escandalosa nos últimos anos? É inegável que o acesso ao download gratuito das músicas na internet não ajuda nada. Que me perdoem os músicos, que têm toda a legitimidade do Mundo e arredores para protestar contra esta questão, a verdade é que se eu posso ter o álbum inteirinho de uma banda a custo zero através do Spotify, por exemplo, por que raio havia eu de gastar dinheiro num cd que nem é tão barato assim? Num relatório que li um dia destes num jornal britânico, um expert na matéria explicava que existem muitas vezes estas discrepâncias abismais no preço dos bilhetes porque, passo a citar "existem bandas que preferem ganhar menos mas permitir que todos os fãs tenham acesso ao concerto, existem aquelas que querem associar o concerto a uma causa e pedem valores aceitáveis mas depois existem outras que estão simplesmente a borrifar-se para o assunto e pedem o que entendem". Outra questão que se levanta é a concorrência entre produtoras. Existe um cachet base exigido pela banda. Mas se entrarem na corrida várias produtoras, naturalmente cada uma delas tenta aliciá-los com valores mais elevados para conseguir o contrato. Não mencionando as exigências que cada grupo faz a posteriori no que se refere às regalias de camarins. Tudo isso conta e assim vamos encarecendo a coisa.
Convém esclarecer que existem obviamente outros gastos (taxas e etc), que têm de ser pagos mas, por norma e de acordo com o tal relatório que li, os artistas são sempre informados de qual será o preço final dos bilhetes e têm direito a opinar, contestar e é nessa altura que decidem se baixam ou não o cachet para tornar mais acessível o preço do bilhete. A ter em conta também é que enquanto bandas como os The Cure sobem na maioria das vezes ao palco com meia dúzia de reflectores e pouco mais, outras há que se deixaram influenciar pela "moda" dos espectáculos de luzes, cores, confetis, fogo de artifício, ecrãs gigantes, etc, etc e, como imaginam, isso não é de borla. E não sendo de borla, garante uma subida relevante no preço do bilhete, consoante a megalomania do artista. Como disse um dia a Lady Gaga..."se a Beyoncé teve um palco giratório eu hei-de ter dois ou três".
Finalmente, não podia deixar de mencionar as pessoas ou empresas ilegais que compram milhares de bilhetes para vendê-los posteriormente ao dobro do preço, quando os fãs já chegaram à fase desesperada. Em 2015 e 2016, a cantora Adele juntou-se à Songkick, que desenvolveu uma tecnologia para identificar e bloquear 53 mil potenciais vendedores ilegais de bilhetes. Boa Adele! Se quiserem saber, por curiosidade,o preço dos bilhetes, dêem uma espreitadela aqui.
E era só isto! Um dia feliz a todos.